14 de maio de 2010

Adoção

Todo o ano adoto um aluno para ser meu xodó. Essa escolha é feita de coração, pois não escolho a quem adotar, acontece de dentro, não sei explicar, bate mais forte, como amor a primeira vista. O interessante que meus adotados têm sempre as mesmas características nas quais descobri que as considero motivo principal da adoção. Os menos favorecidos são os alunos a quem eu dedico um olhar todo especial. Aqueles que vem para a escola muitas vezes com fome, frio, carência de afeto, com bloqueios na aprendizagem devido a tantas necessidades que passam, mas são esses alunos que trazem consigo o que tanto admiro que é a educação, humildade e a vontade de aprender.
Escolhi falar sobre esse assunto já que essa semana foi dedicada ao racismo e o preconceito com os negros. Penso que precisamos também nos preocupar com os menos favorecidos dentro de nossa sala de aula, para não cairmos em contradição sobre o significado de preconceito.
Sabemos que não temos condições de resolver todos os problemas que muitas vezes nossos alunos demostram para nós, mas temos sim, condições de tentarmos ajudá-los no que for possível, e não causar mais problemas, mas precisamos fazer a nossa parte. Acredito que o primeiro passo que podemos tomar é ouví-los, pois eles precisam sentir-se valorizados e respeitados ao invés de serem rejeitados, pois esse tratamento talvez eles já recebam em casa.
Sei que mesmo tendo todo o cuidado em fazer com que a turma tenha um tratamento como merecem, mesmo assim saio muitas vezes no final da aula me sentindo incapaz, ao lembrar que
tenho um aluno que sumiu e não quer frequêntar as aulas, já fiz muitas tentativas na intenção de que ele passe a assistir, mas até agora não tive resultado. Sei que não posso contar com a família o que torna a situação ainda mais complicada.
Como eu gostaria de encontrar uma solução em que eu pudesse trazer esse menino de volta, mas até o momento não encontrei nenhuma. Segundo a professora do ano passado ele fez a mesma coisa com ela durante o ano todo, vindo a comparecer somente para fazer as avaliações finais.
Acredito que não posso desistir diante dos desafios que a profissão de educadora nos coloca, pois esses não serão os primeiros nem serão os últimos.

Um comentário:

mauranunes.com disse...

Querida Iliana! Fica evidente a presença de tuas aprendizagens durante o curso, com as interdisciplinas no teu relato, nas tuas reflexões. Olhar, escutar, valorizar como qualquer pessoa merece (em casa talvez o discurso seja outro) e possibilitar um outro caminho. Esta é tua parte, mas tem outra parte que é do sujeito, dos seus familiares. Siga nos teus propósitos, pois certamente estás fazendo sentido para a criançada! Bjs,Maura - tutora do SI